Fotografia da reprodução miniaturizada de Manhattan com o Corcovado ao fundo no Window of the World, um dos primeiros parques temáticos de Shenzhen - um imenso jardim de landmarks reproduzidos. A partir de meados da década de 80 diversos parques temáticos foram construídos em Shenzhen como uma forma de preenchimento do vazio cultural da Zona, os parques temáticos valorizam os terrenos das redondezas e servem de atrativo turístico para a região.

“A janela não é outra coisa se não o lugar do olhar” (BELTING, 2015: 120), relacionamos a metáfora de Deng Xiaoping, a cidade como janela, com essa noção profundamente ocidental da janela enquanto forma simbólica do olhar desde a revolução inaugurada pela perspectiva renascentista. Esse olhar, que ademais dominou o mundo, é um olhar que se estabelece justamente na divisão entre interior e exterior. “A janela permite ao espectador estar presente ‘aqui’, com seu corpo, ao mesmo tempo, de modo incorpóreo, entregar-se ao ‘ali’, a lugares que somente o olhar pode alcançar” (Ibidem: 117). Essa dupla presença anunciada pela forma arquitetônica da janela, e utilizada como modelo da forma de representação da perspectiva renascentista, mais precisamente no quadro, ecoa diretamente nas formas atuais de relação com o espaço, o termo “televisão” é um exemplo literal. Essa visão à distância se estabeleceu a tal ponto que, enfim, um outro relevo passa a se presentificar: o “relevo de telas” vem confundir a presença e o espaço. De algum modo, a própria ideia de cidade-janela parece propícia à discussão do espaço urbano suspenso pela presença telemática das imagens através das técnologias de informação. Nesta configuração o sujeito cindido do mundo exterior, encontra-se ao mesmo tempo em muitos lugares.