A Praça Mauá se destaca como parte privilegiada do projeto Porto Maravilhoso, portal dos navios trasatlânticos, o espaço conta com dois museus (MAR e Museu do Amanhã) para selar sua capacidade revitalizante do urbanísmo de aparências.

“A cidade sob os efeitos de som e luz como um imenso shopping center da cultura superioragora ao alcance de todos na forma fantasmagórica da imagem publicitária” (ARANTES, 2000: 164).

Na segunda parte de O Lugar da Arquitetura Depois dos Modernos, Otília Arantes (2000) tece uma perspectiva crítica sobre a relação entre o espaço público e a arquitetura contemporânea (1993) a qual situa como ponto emblemático a construção do Beaubourg (1977) como prelúdio para o período dos “Grandes Projetos” (1981) em Paris. Uma espécie de repaginação de cartões postais, na qual os museus assumem papel central ampliando a capacidade de revitalização dos locais em que são inseridos. O então governo socialista de Mitterrand parece operar bem com o fim da utopia moderna do planejamento urbano e entrega-se às construções iconicas: “Não pode haver uma grande política sem uma grande arquitetura” (MITTERRAND Apud. Ibidem: Id). A comparação fica tão mais cruel quanto mais clara; se seguimos o raciocínio da autora, em Os Novos Museus:

Creio não estar exagerando se disser que tudo começou no Beaubourg. Não se trata apenas de uma metáfora da política cultural francesa, mas um verdadeiro emblema das políticas de animação cultural promovidas pelos Estados do capitalismo central (…) Alguns governos, acossados pela crise e pela voga neoconservadora, não temem em alguns casos ao mesmo tempo restringir o sistema previdenciário e investir no campo culturel em expansão, fundindo publicidade e “animação cultural” (Ibidem: 240).